Agrotóxicos por todos os lugares 

A presença de agrotóxicos foi identificada em amostras de sedimentos de seis lagos e áreas alagadas de montanhas intocadas no Parque Nacional do Itatiaia e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ambos no Rio de Janeiro. A constatação é de estudo que contou com a participação de pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Por Ana Beatriz Leal

O passado recente brasileiro, marcado pelo “liberou geral” dos agrotóxicos - só nos quatro anos do governo Bolsonaro foram autorizados 2.182 pesticidas, um recorde desde 2003 –, e pela submissão às pressões do agronegócio, traz resultados alarmantes: nem mesmo os locais supostamente mais protegidos estão livres dos impactos do uso extensivo dos praguicidas no Brasil. 
 

A presença de agrotóxicos foi identificada em amostras de sedimentos de seis lagos e áreas alagadas de montanhas intocadas no Parque Nacional do Itatiaia e no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ambos no Rio de Janeiro. A constatação é de estudo que contou com a participação de pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
 

Foram encontrados 17 tipos de venenos, entre os quais herbicidas, inseticidas, fungicidas e acaricidas. Carbendazim e carbaryl, acetochlor, diuron, metolachlor, tebuconazole e clorpirifós, este muito usado em lavouras, altamente tóxico e relacionado a abortos e problemas neurológicos em fetos e crianças.
 

O fato de os agrotóxicos estarem espalhados por lugares intocados em áreas de proteção e em terrenos de altitude chama a atenção para a capacidade de os produtos químicos percorrerem longas distâncias por três maneiras: volatizadas, em forma de gás ou associadas a partículas (sólidas ou aerossóis).
 

O estudo reforça a necessidade urgente de transição para um modelo de produção agroalimentar sustentável. Do jeito que está não dá para ficar. Não há convivência possível, muito menos segura. Enquanto o capitalismo se apropria de tudo, inclusive dos espaços - expulsando comunidades - para lucrar cada vez mais, a sociedade adoece com tanto veneno e a biodiversidade se esvai.