O vício ultraprocessado

Ultraprocessados não são apenas alimentos com conservantes, são armas do capitalismo selvagem. Projetados para gerar prazer imediato, acionam circuitos cerebrais de recompensa e aprisionam o corpo em ciclos de consumo compulsivo. Viciam sem avisar, criando dependência silenciosa que corrói a saúde. 

Por Camilly Oliveira

Ultraprocessados não são apenas alimentos com conservantes, são armas do capitalismo selvagem. Projetados para gerar prazer imediato, acionam circuitos cerebrais de recompensa e aprisionam o corpo em ciclos de consumo compulsivo. Viciam sem avisar, criando dependência silenciosa que corrói a saúde. 

 


O vício não surge do acaso. O sistema capitalista molda desejos, cria necessidades artificiais e transforma comida em produto. Lucros crescem à medida que o paladar popular se adapta àquilo que destrói. Empresas fabricam aditivos como quem fabrica lucros, com precisão cirúrgica. 

 


No Brasil, mais de 57 mil mortes prematuras por ano estão associadas ao consumo de ultraprocessados, que aumentou 5,5% na última década, segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). 

 


A publicidade cumpre função central no processo, pois sabores, camufla excessos, infantiliza o consumo. O apelo não é nutricional, é emocional. Slogans substituem escolhas reais, e embalagens coloridas escondem o veneno. A indústria bilionária da comida explora a fome sem limites. 

 


Enquanto isto, comida de verdade – natural e orgânica - desaparece dos lares brasileiros, principalmente dos mais pobres. No lugar, entra o que é barato e prático. Comer é ato político, lutar contra a fome também. Cada embalagem consumida sustenta um sistema que lucra com a doença e promove desigualdade.