Quando o medo ocupa a sala de aula

O avanço da extrema direita e do discurso de ódio, da misoginia, xenofobia, atinge em cheio os jovens brasileiros. O reflexo é observado nas escolas, onde a violência explodiu e transformou as salas de aula em espaços de trauma, medo e abandono. 

Por Camilly Oliveira

O avanço da extrema direita e do discurso de ódio, da misoginia, xenofobia, atinge em cheio os jovens brasileiros. O reflexo é observado nas escolas, onde a violência explodiu e transformou as salas de aula em espaços de trauma, medo e abandono. 

 


Em vez de livros e cuidado, alunos encontram agressões e abusos. Em 10 anos (2014/2024), os casos saltaram de 3,7 mil para 13,1 mil, segundo a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com dados do Ministério dos Direitos Humanos. 

 


As agressões físicas lideram o ranking (50%), seguidas por violência psicológica (23,8%) e sexual (23,1%). Em mais de um terço das ocorrências, o agressor é alguém próximo, como amigo, colega ou conhecido. Não se trata de violência que invade a escola, mas de um ambiente que adoece de dentro para fora, alimentado por ódio e impunidade.

 


O colapso gera outras problemáticas, como a desvalorização do professor, racismo ignorado, misoginia naturalizada, escolas sucateadas e a ausência completa de políticas eficazes. Enquanto grupos de crimes virtuais recrutam adolescentes, a sociedade empurra a crise com a barriga. A omissão é escolha, e esta conta será paga pelos mais jovens.