A crise da memória começa na sala de aula
A falta de acesso à educação no Brasil não só impede o avanço social, mas destrói a capacidade cognitiva da população. Pesquisa da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), publicada na revista The Lancet, mostra que a baixa escolaridade é o maior fator de risco para demência no país.
Por Camilly Oliveira
A falta de acesso à educação no Brasil não só impede o avanço social, mas destrói a capacidade cognitiva da população. Pesquisa da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), publicada na revista The Lancet, mostra que a baixa escolaridade é o maior fator de risco para demência no país.
Sem estímulo intelectual desde cedo, o cérebro envelhece mais rápido, aumentando os casos de declínio cognitivo e transtornos mentais. A negligência com a educação condena gerações a ciclo de esquecimento e perda de autonomia.
Nos países mais pobres, a precarização da educação é somada à instabilidade econômica e ao colapso dos serviços públicos. No Brasil, a escolaridade teve mais impacto no declínio cognitivo do que a idade, o que evidencia o peso do abandono educacional. Enquanto países mais ricos lidam com demência como uma questão genética, aqui a desigualdade acelera o problema.
Além da baixa escolaridade, depressão, sedentarismo e pobreza potencializam os danos à memória. Em um país onde a educação pública foi desmontada e a saúde mental tratada com descaso, o resultado é um futuro com mais pessoas esquecendo, não por envelhecimento natural, mas pela falta de políticas que garantam dignidade desde a infância.