Quando trabalhar vira um tormento
No artigo, a jornalista Ana Beatriz Leal fala sobre a insatisfação profissional.
Além da geração de renda, o trabalho também está associado ao reconhecimento social. Para muitas pessoas, estar empregado significa produtividade, utilidade, contribuir para o crescimento da empresa, ser bem visto socialmente. Mas, em muitos casos leva o trabalhador a mergulhar em um mar de incertezas e ter a sensação de ser empurrado, paulatinamente, para o fundo do poço.
A informação de que o Brasil está entre os países com maior índice de insatisfação profissional da América Latina e que um em cada quatro brasileiros relata sentir tristeza ou raiva diariamente no ambiente de trabalho deveria ser motivo de reflexão das empresas e gestores. Os dados da pesquisa da consultoria Gallup evidenciam que há um desgaste emocional de forma generalizada no mercado de trabalho.
Para alguns trabalhadores, o martírio de ter de ir trabalhar tira o sono, literalmente. São noites perdidas, pensamentos perturbadores, sentimento constante de angústia, incapacidade e perda de prazer em atividades laborais antes interessantes. É uma sensação de nadar contra a maré, diariamente. Um cansaço físico e mental.
Mas de quem é a culpa pela sensação de insatisfação do empregado? É normal o colaborador se sentir sugado o tempo inteiro? Obviamente que não. A empresa tem de promover um ambiente de trabalho saudável e harmonioso, capacitar as suas lideranças, promover conscientização e prevenção.
Há constatações de que melhorar a satisfação dos funcionários pode gerar ganhos diretos. Estudo da Universidade de Oxford mostra que trabalhadores mais felizes são, em média, 13% mais produtivos. A taxa de rotatividade também é menor entre equipes com alto nível de satisfação.
Outra pesquisa, da Universidade da Califórnia, sobre a importância da felicidade no trabalho, revela que os colaboradores felizes são 31% mais produtivos, 3 vezes mais criativos e vendem 37% mais.
Portanto, cuidar de quem trabalha é também uma forma de fazer a empresa crescer. É razoável que uma organização/patrão seja capaz de abalar o psicológico do empregado? Trabalhar, em nenhuma hipótese, pode ser um tormento.
* Ana Beatriz Fernandes Leal é jornalista