O câncer tem CEP no Brasil
Enquanto a medicina corre, o SUS (Sistema Único de Saúde) anda, e às vezes nem isso. O tratamento de câncer no Brasil mostra um país dividido entre quem tem acesso ao que há de mais moderno e quem ainda enfrenta filas para conseguir o básico. No Nordeste, a desigualdade é alarmante: falta medicamento e. Viver com câncer é resistir ao descaso e a vida, mais uma vez, vale menos dependendo do CEP (Código de Endereçamento Postal).
Por Camilly Oliveira
Enquanto a medicina corre, o SUS (Sistema Único de Saúde) anda, e às vezes nem isso. O tratamento de câncer no Brasil mostra um país dividido entre quem tem acesso ao que há de mais moderno e quem ainda enfrenta filas para conseguir o básico. No Nordeste, a desigualdade é alarmante: falta medicamento e. Viver com câncer é resistir ao descaso e a vida, mais uma vez, vale menos dependendo do CEP (Código de Endereçamento Postal).
Um estudo do Instituto Oncoguia mostra o tamanho da distorção. Hospitais nordestinos estão entre os que menos ofertam terapias reconhecidas pelo próprio Ministério da Saúde. Só 28% usam as drogas mais eficazes contra o câncer de próstata. No colorretal e no de pulmão, a situação beira o abandono: menos de 15% têm os tratamentos recomendados por entidades médicas. Enquanto isto, no sempre privilegiado Sudeste, o acesso quase triplica. A desigualdade não é só estatística, é sentença.
O problema não é falta de tecnologia. É falta de vontade política para organizar o sistema, cobrar os gestores e garantir que todo brasileiro tenha o mesmo direito ao cuidado. Hoje, o SUS oferece uma experiência desigual e, muitas vezes, cruel. Sem protocolos atualizados, sem regionalização de verdade e sem compromisso real com a equidade, o que sobra para milhões é a incerteza.