A vítima é, mais uma vez, a mulher
Nesta segunda-feira (07/03), a OMS acendeu um alerta para o índice de mortalidade das mulheres em razão da gravidez ou do parto. Mais de 300 mil perdem a vida todos os anos no mundo. No Brasil, em 2021, a média era de 107 mortes a cada 100 mil nascimentos, número também alarmante segundo a OMS.
Por Itana Oliveira
Nesta segunda-feira (07/03), a OMS acendeu um alerta para o índice de mortalidade das mulheres em razão da gravidez ou do parto. Mais de 300 mil perdem a vida todos os anos no mundo. No Brasil, em 2021, a média era de 107 mortes a cada 100 mil nascimentos, número também alarmante segundo a OMS.
A referência para mensurar e identificar mortes causadas pela gestação vai desde o início da gravidez até 42 dias após o parto, considerando doenças diretamente relacionadas ao período.
A discussão sobre o aborto continua sendo negligenciada. A maioria dos países resiste à liberdade de escolha das mulheres, empurrando-as para procedimentos clandestinos, inseguros e desumanos. O aborto ilegal não faz distinção de classe, mas é a mulher pobre que paga o preço mais alto, com o corpo, com a liberdade e, muitas vezes, com a vida.
A precarização das condições durante a gestação atinge principalmente as mulheres da periferia, que perdem independentemente do desfecho: se morrem, se ficam com sequelas, se perdem o bebê. Segundo a OMS, dois milhões de bebês morrem no primeiro mês de vida e outros dois milhões nascem mortos. “Isso representa aproximadamente uma morte evitável a cada sete segundos”, afirmou a organização.
A perspectiva para o futuro não é otimista: quatro em cada cinco países estão longe de atingir as metas de melhoria da sobrevivência materna até 2030.
A campanha lançada pela OMS neste 8 de março, intitulada Começos saudáveis, futuros esperançosos, terá duração de um ano e foca na defesa do bem-estar materno e neonatal.
Apesar das perdas diárias, houve avanços. Desde o ano 2000, a mortalidade materna caiu 40% e a de recém-nascidos, pouco mais de 30%. Em 2000, 443 mil mulheres morreram por causas relacionadas à gestação. Em 2015, esse número caiu para 328 mil e, em 2023, para 260 mil. Pela primeira vez, nenhum país foi classificado com taxas extremamente altas de mortalidade materna.
As principais causas de morte materna no país são hipertensão, hemorragia, aborto inseguro e infecções no pós-parto. Outras causas indiretas, como doenças cardíacas, renais e cânceres agravados pela gravidez, também impactam as estatísticas.
A morte de uma mãe não é uma perda individual. Ela desestrutura famílias, perpetua ciclos de pobreza e afeta a base da organização comunitária. A sobrevivência materna é, antes de tudo, uma questão de justiça social.