Injúria explode na Bahia
Na véspera do Dia Internacional de Combate a Discriminação Racial, transcorrido nesta sexta-feira, 21 de março, ganhou destaque na grande imprensa baiana o crescimento alarmante dos processos por injúria racial no Brasil. Apesar de Salvador, a capital, possuir a maior população negra fora da África, a Bahia impulsiona a disparada, uma absurda contradição.
Por Camilly Oliveira
Na véspera do Dia Internacional de Combate a Discriminação Racial, transcorrido nesta sexta-feira, 21 de março, ganhou destaque na grande imprensa baiana o crescimento alarmante dos processos por injúria racial no Brasil. Apesar de Salvador, a capital, possuir a maior população negra fora da África, a Bahia impulsiona a disparada, uma absurda contradição.
Os dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), revelados desde julho do ano passado, continuam atuais e preocupam muito, diante da resistência histórica de expressivas entidades da sociedade civil, especialmente do movimento negro, em combater o racismo de forma efetiva na Bahia e no Brasil.
Entre 2020 e 2023, os casos de injúria racial aumentaram 610% no Brasil, chegando a 4.798 processos no último ano. No entanto, a Bahia concentra 4.049 dessas ações, crescimento de 647%, o que representa 80% do total. Até abril de 2024, foram 779 novos casos no Estado.
Desde 2023, a injúria racial é crime inafiançável, com pena de até cinco anos de reclusão. No entanto, o tempo médio de julgamento segue alto, e 6.786 processos ainda aguardam decisão. O Judiciário criou um grupo de trabalho para analisar os casos com perspectiva racial, mas ainda sem mudanças estruturais profundas. Por enquanto, a justiça segue sendo mais promessa do que realidade.