Verde no papel e concreto no solo

Salvador assiste ao aniquilamento do patrimônio ambiental, enquanto a especulação imobiliária avança sem freios. A crise climática se intensifica, mas a capital baiana segue entregando as áreas verdes ao lucro de poucos, em um projeto urbano que despreza o futuro da população.

Por Camilly Oliveira

Salvador assiste ao aniquilamento do patrimônio ambiental, enquanto a especulação imobiliária avança sem freios. A crise climática se intensifica, mas a capital baiana segue entregando as áreas verdes ao lucro de poucos, em um projeto urbano que despreza o futuro da população.

 


O que está em jogo não é apenas a paisagem, mas a vida dos soteropolitanos, submetidos a um crescimento desordenado que sacrifica o bem-estar em nome do dinheiro.

 


Em 2023, apenas em Patamares, 21 mil metros quadrados de Mata Atlântica foram reduzidos a escombros dentro do Parque Ecológico do Vale Encantado, em uma única semana. Árvores protegidas tombaram para atender interesses privados, e mesmo após a Prefeitura autuar a empresa por licenças ambientais falsas, os danos se tornaram irreversíveis.

 


A resistência popular e o alerta dos ambientalistas se esbarram na omissão do poder público, que permite a devastação, enquanto o setor imobiliário bate recordes. Até o terceiro trimestre de 2024, Salvador somou R$ 6,7 bilhões em vendas e R$ 3,8 bilhões em lançamentos, um crescimento de 45% em relação a 2023. 

 


Um mercado aquecido, construindo lucros sobre a destruição do que é essencial para a cidade. Enquanto os cofres das construtoras transbordam, Salvador perde o verde, o equilíbrio e a própria identidade.

 


Para o ex-presidente do Sindicato dos Bancários, Augusto Vasconcelos, Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, a destruição ambiental não pode ser ignorada: “O debate sobre sustentabilidade nunca foi tão urgente. Estamos em um momento decisivo e a preservação das áreas verdes da cidade é essencial para nossa sobrevivência. Infelizmente, o que vemos é uma aposta no crescimento econômico à custa do que é irrecuperável”. A realidade está escancarada, enquanto o mercado imobiliário cresce em números e lucros, o meio ambiente soteropolitano se deteriora e a cidade perde o que tinha de mais precioso.