Renda curta no contrato intermitente
O salário médio dos trabalhadores intermitentes ficou em apenas R$ 762,00, ou 58% do mínimo daquele ano, de R$ 1.320,00. O cenário se agrava para mulheres e jovens, que receberam, em média, R$ 661,00 – valor ainda mais distante de suprir as necessidades básicas.
Por Renata Andrade
Mais uma comprovação da nocividade do contrato intermitente, implementado em 2017 no governo Temer com a promessa de modernizar o mercado de trabalho. Dados de 2023 revelam que 76% dos vínculos na modalidade tiveram remuneração mensal inferior ao salário mínimo ou não tiveram nenhum rendimento.
O salário médio dos trabalhadores intermitentes ficou em apenas R$ 762,00, ou 58% do mínimo daquele ano, de R$ 1.320,00. O cenário se agrava para mulheres e jovens, que receberam, em média, R$ 661,00 – valor ainda mais distante de suprir as necessidades básicas.
O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que 41,5% dos intermitentes ativos não registraram rendimento algum ao longo de 2023. Isso reforça a perversidade da agenda ultraliberal e a dura realidade de um modelo de trabalho que, ao invés de gerar oportunidades, mantém o trabalhador à disposição do patrão sem garantias.
Quando se considera o total de meses em que os contratos estiveram vigentes, mas não geraram atividade, a renda média mensal caiu para alarmantes R$ 542,00, com corte ainda mais drástico para as mulheres, que receberam R$ 483,00.
O modelo de contrato intermitente, defendido como uma solução moderna e flexível, mostra os efeitos devastadores para os trabalhadores mais vulneráveis, desmascarando os estragos da agenda ultraliberal que continua a impactar negativamente o mercado de trabalho no Brasil.