Mulher negra, vítima da violência e da desigualdade

Na semana que começa a campanha 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero, um dado preocupante e muito real. As desigualdades socioeconômicas condenam a população mais vulnerável a um ciclo difícil de se livrar. É o caso da mulher negra. 

Cerca de 85% das vítimas de violência doméstica ou familiar não possuem renda suficiente para se manter e têm de conviver com os agressores sob o mesmo teto.  A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, feita pelo instituto DataSenado e Nexus, mostra que o índice é quatro vezes maior do que a média de mulheres negras que declaram já terem sofrido algum tipo de agressão (21%), independentemente da renda.

No caso das negras que afirmaram não conseguir se sustentar, uma em cada três (32%) já sofreu algum tipo de agressão. Em 24% dos casos, o episódio aconteceu nos últimos 12 meses. 

Para além da dependência financeira, o estudo revela que a presença de filhos abaixo dos 18 anos também “prende” as mulheres no contexto abusivo. Tanto é que 80% das vítimas negras mães continuam na mesma casa que o agressor. 

O levantamento também demonstra que apenas 30% buscaram algum tipo de assistência em saúde após um episódio grave de violência. Além disto, somente 27% das mulheres negras que não têm renda individual suficiente para o sustento buscaram medidas protetivas. 

Quando o assunto é buscar a Justiça para denunciar o abuso, 49% das mulheres negras não alfabetizadas e 44% das que possuem ensino fundamental incompleto foram até a delegacia. O índice cai para 34% entre as que completaram o ensino superior.