O Brasil pega fogo

A área queimada em todo território nacional disparou 149% na comparação entre agosto de 2023 e o mesmo mês deste ano. Foram destruídas 5,65 milhões de hectares de terras, o equivalente a todo Estado da Paraíba. 

Por Redação

O fogo criminoso que sufoca as cidades do país, orquestrado por gente com muito dinheiro e de olho nas terras da Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica fazem o Brasil passar por um dos piores dramas ambientais da história. Não precisa de relatórios ou power point para perceber a gravidade da situação. Basta olhar das janelas de grandes capitais, como São Paulo.  


A área queimada em todo território nacional disparou 149% na comparação entre agosto de 2023 e o mesmo mês deste ano. Foram destruídas 5,65 milhões de hectares de terras, o equivalente a todo Estado da Paraíba. 


Os dados do MapBiomas mostram ainda que 49% do fogo que atingiu o país foram no mês passado. É o pior agosto desde o início da série, em 2019. Dos hectares queimados, 24% se referem a pastagens, 65% da extensão atingida pelas chamas contemplam vegetação nativa. 


No acumulado do ano, de janeiro a agosto, são 11,39 milhões de hectares de terras queimadas. Deste total, 70% correspondem a vegetações nativas. O Cerrado foi o bioma com a maior área destruída, 2,4 milhões de hectares. Em seguida, aparece a Amazônia, com 2 milhões de hectares. Um cenário apocalíptico que precisa ser freado com ações duras.  

 

Agronegócio é o vilão da devastação da Amazônia

Os incêndios que consomem a Amazônia não são acidentes naturais, mas uma consequência direta da exploração econômica, financiada pelo agronegócio. O avanço do fogo segue um roteiro claro: desmatamento realizado nos meses chuvosos, seguido pelas queimadas durante a estação seca até a transformação em pasto ou plantação de soja.


O professor Gilberto de Souza Marques, da UFPA (Universidade Federal do Pará), avalia que a destruição é parte de um processo de apropriação ilegal de terras, disfarçado de atividade econômica legal e estimulado pela busca de lucro.


O agronegócio, especialmente pecuária e cultivo de soja, é o grande vilão por trás da devastação amazônica. O setor explora tanto terras públicas quanto reservas legais, movido pela ganância e por práticas predatórias que, além de destruírem a biodiversidade, expulsam os povos originários das terras.


O fogo, muitas vezes, é utilizado como ferramenta para legitimar a ocupação ilegal de terras, e transformar áreas florestais em pastagens. É o lucro falando mais alto do que a natureza.


A exploração econômica da Amazônia é favorecida por políticas que beneficiam grandes corporações, com isenções fiscais e a ineficiência da fiscalização ambiental.  Enquanto as grandes empresas lucram, o Brasil paga o preço com o desmonte de um dos maiores patrimônios naturais do mundo.