Fascismo de gravata: os donos do mundo não têm piedade
No artigo, o estudante de Jornalismo William Oliveira expõe a responsabilidade do capitalismo no aprofundamento das desigualdades.
O capitalismo não só fracassou em reduzir desigualdades, como tem aprofundado a miséria e fortalecido forças reacionárias que ameaçam democracias ao redor do mundo. A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, consolidada por uma aliança perversa entre o grande capital e a extrema direita, simboliza esse colapso.
Dados recentes da Oxfam revelam que, em 2024, foram criados mais de 200 novos bilionários, enquanto quase metade da população mundial ainda vive abaixo da linha da pobreza. O relatório também aponta como o Norte Global continua a explorar o Sul Global, com o 1% mais rico extraindo US$ 30 milhões por hora das nações empobrecidas.
A história da humanidade é a história das lutas de classes
Se isso não bastasse, o acúmulo de riqueza e poder dessas elites se traduz em influência política cada vez maior. A recente posse de Trump expôs essa relação escancarada entre bilionários e poder. Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, três das pessoas mais ricas do planeta, estavam na cerimônia como protagonistas de uma aliança que promete transformar os Estados Unidos em uma ditadura plutocrática. Musk, inclusive, fez um gesto neonazista em rede mundial, mostrando sem qualquer disfarce o caráter reacionário da administração que se inicia.
O discurso de posse de Trump não apenas reforçou suas políticas racistas e xenofóbicas, mas também incluiu ameaças diretas a diversos países, entre eles o Brasil. Mais uma vez, a retórica contra imigrantes e minorias foi usada para inflamar sua base eleitoral, alimentando o medo e a violência. Sua proximidade com bilionários das Big Techs sinaliza tempos sombrios, em que redes sociais serão usadas como instrumentos de manipulação política para consolidar o autoritarismo.
Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem
Essa fusão entre capital e extrema direita não é um fenômeno isolado. No mundo todo, vemos governos reacionários subindo ao poder com o apoio de elites econômicas que desejam desmantelar qualquer regulação que limite sua exploração. O neoliberalismo, que já demonstrou sua falência com crises cíclicas e aumento da desigualdade, agora se reinventa em uma versão ainda mais destrutiva, aliada ao fascismo moderno.
A luta de classes, conceito central no marxismo, nunca esteve tão evidente quanto no cenário atual. A ascensão desenfreada da riqueza dos bilionários, enquanto metade da humanidade luta para sobreviver, demonstra a contradição essencial do capitalismo: a exploração da maioria trabalhadora por uma minoria detentora dos meios de produção.
O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem
A concentração de riqueza não ocorre de forma "natural" ou "meritocrática", como os defensores do sistema gostam de alegar. O mesmo relatório aponta que 60% da fortuna dos bilionários vem de herança, corrupção, favoritismo e monopólio. Em outras palavras, os detentores do capital não são "empreendedores visionários", mas sim herdeiros de uma ordem que se sustenta na exploração.
O capitalismo gera o seu próprio coveiro
O fortalecimento da extrema direita global não pode ser entendido sem levar em conta a luta de classes. À medida que a insatisfação popular cresce, as elites recorrem ao autoritarismo para garantir sua dominação. Donald Trump, Jair Bolsonaro, Viktor Orbán e outros líderes reacionários foram promovidos como soluções "antissistema", quando na verdade representam a última cartada do capital para manter o status quo.
O discurso racista e xenofóbico não é um acidente. Ele serve para dividir a classe trabalhadora, desviando a atenção da verdadeira causa da miséria: a concentração de riqueza e poder nas mãos de poucos. Quando Trump ataca imigrantes e minorias, ele está cumprindo o papel clássico dos líderes fascistas: transformar a insatisfação social em ódio contra grupos vulneráveis, enquanto as elites continuam saqueando o mundo.
As revoluções são a locomotiva da história
A luta de classes não é uma teoria abstrata; é uma realidade vivida diariamente por bilhões de pessoas. E, diante desse cenário, é preciso fortalecer a resistência. Movimentos sociais, sindicatos e organizações populares precisam se unir para enfrentar a aliança entre bilionários e a extrema direita.
A taxação de fortunas, a democratização da economia e a limitação do poder das grandes corporações são passos urgentes. Mas, acima de tudo, é preciso construir uma consciência de classe que rejeite as falsas promessas do neoliberalismo e exija um sistema econômico que priorize as necessidades da maioria, e não os lucros de uma minoria parasitária.
A história mostra que nenhuma elite cede seu poder voluntariamente. O desafio está lançado: ou a classe trabalhadora se organiza para enfrentar o capitalismo em sua forma mais brutal, ou veremos um mundo onde a democracia será apenas uma fachada para a dominação absoluta do grande capital.
* William Oliveira é estudante de Jornalismo