O peso do capitalismo
O sistema que transforma tudo em mercadoria faz do corpo humano apenas mais um alvo. A comida virou produto ultraprocessado, embalado e vendido a qualquer custo, enquanto a publicidade empurra crianças para hábitos doentios.
Por Camilly Oliveira
O sistema que transforma tudo em mercadoria faz do corpo humano apenas mais um alvo. A comida virou produto ultraprocessado, embalado e vendido a qualquer custo, enquanto a publicidade empurra crianças para hábitos doentios.
O resultado é desastroso. Até 2050 um terço dos adolescentes vai estar acima do peso, e a obesidade infantil dobrará. Não se trata de escolhas individuais, mas de uma máquina que engorda fortunas enquanto condena gerações à doença de todos os tipos.
Um estudo da revista The Lancet mostra que 746 milhões de crianças e adolescentes terão sobrepeso ou obesidade em 25 anos. A América Latina e o Oriente Médio estarão entre as regiões mais afetadas, reféns do mercado que prioriza veneno barato em vez de comida de verdade.
Entre os adultos, o futuro também é assustador - 60% da população com mais de 25 anos terão peso acima do ideal. O Brasil já ocupa a quarta posição no ranking mundial, com 88 milhões de pessoas atingidas.
A fome e a obesidade são faces da mesma moeda. Comida de verdade virou artigo de luxo, enquanto ultraprocessados invadem prateleiras e mesas. Combater a crise exige um enfrentamento duro: alimentação escolar de qualidade, regulação da publicidade e taxação pesada sobre a indústria que lucra com a doença. É a lógica ultraliberal.