A luta pela sobrevivência
Ser mulher no Brasil é enfrentar o medo diário de não voltar para casa. Enquanto falsos discursos exaltam avanços, a realidade escancara a dura brutalidade: 21 milhões de brasileiras violentadas em um único ano, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceira com o Instituto Datafolha.
Por Camilly Oliveira
Ser mulher no Brasil é enfrentar o medo diário de não voltar para casa. Enquanto falsos discursos exaltam avanços, a realidade escancara a dura brutalidade: 21 milhões de brasileiras violentadas em um único ano, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceira com o Instituto Datafolha.
O Estado se omite, a sociedade banaliza e os agressores? Impunes. Para mulheres negras, o cenário é ainda pior. O racismo estrutural se soma à violência de gênero, deixando marcas profundas e reduzindo as possibilidades de denúncia. Segurança não é direito garantido, mas privilégio seletivo.
Os números expõem um ciclo de terror. Quase 38% das mulheres enfrentaram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses. Insultos, humilhações, espancamentos e estupros. O lar, que deveria ser abrigo, se torna a toca do lobo.
Mais de cinco milhões foram vítimas de violência sexual, forçadas a um horror que raramente encontra justiça. Negras e periféricas lideram as estatísticas do sofrimento, enquanto a proteção estatal se mostra ineficaz.
O impacto vai além, atravessando gerações. Crianças crescem presenciando o desespero das mães, famílias são destroçadas e a saúde mental das vítimas é devastada. A desconfiança no sistema e a vergonha impedem denúncias. Apenas 14% das mulheres violentadas procuraram uma delegacia.
O silêncio é reflexo de um país que desacredita vítimas e protege os carrascos. Enquanto a violência contra a mulher for tolerada, o Brasil seguirá sendo um território de medo para as cidadãs.