Converter dívidas em verba para a educação

De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação da Unesco, atualmente 251 milhões de crianças e jovens não têm acesso à escolarização. O problema é mais acentuado em países de baixa renda, onde cerca de 33% das crianças estão fora da escola. No caso das nações de alta renda, o índice chega a apenas 3%. 

Por Ana Beatriz Leal

Uma das molas propulsoras para reduzir a pobreza e alcançar a equidade é a educação. Para chegar ao objetivo, o governo federal e a Unesco defendem transformar dívidas de países pobres em investimentos para a área. A iniciativa é parte do esforço conjunto para promover justiça econômica e combater desigualdades globais.


De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação da Unesco, atualmente 251 milhões de crianças e jovens não têm acesso à escolarização. O problema é mais acentuado em países de baixa renda, onde cerca de 33% das crianças estão fora da escola. No caso das nações de alta renda, o índice chega a apenas 3%. 


Além da dificuldade no acesso, a qualidade do ensino também é afetada. Enquanto os países de alta renda investem US$ 8.543,00 por aluno, os de baixa renda destinam apenas US$ 55,00. “É a desigualdade do presente ampliando o fosso do futuro”. É o que afirmam o presidente Lula e a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, em artigo publicado sobre a iniciativa para converter o endividamento em um instrumento de inclusão e progresso social, defendida no G20. 


O baixo investimento, muitas vezes, não acontece por falta de prioridade, mas problemas nas finanças públicas. Segundo o Fundo Monetário Internacional, 60% dos países mais pobres esbarram no endividamento. Em 2022, em diversas regiões da África, as despesas com a dívidas foram iguais aos orçamentos de educação. Criar um marco multilateral para promover financiamento educacional sustentável é um ponto relevante para mudar a realidade e o futuro de milhões de crianças.