Desigualdade salarial, ferida aberta no país 

As maiores empresas do país continuam a perpetuar desigualdades raciais, enquanto as políticas de incentivo para corrigir este quadro permanecem insignificantes.

Por Camilly Oliveira

A disparidade salarial entre homens e mulheres no Brasil é uma ferida aberta que atinge principalmente as mulheres negras, que recebem 50% menos do que homens brancos. Os dados estão presentes no 2º Relatório de Transparência Salarial do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), e revelam uma sociedade profundamente marcada por desigualdades raciais e de gênero. 


As maiores empresas do país continuam a perpetuar desigualdades raciais, enquanto as políticas de incentivo para corrigir este quadro permanecem insignificantes.


As mulheres negras ganham, em média, R$ 2.745,26, enquanto homens brancos chegam a R$ 5.464,29, um abismo salarial que expõe o racismo estrutural no mercado de trabalho. A inclusão racial ainda é negligenciada. Empresas com zero ou até 10% de mulheres pretas ou pardas nos quadros são comuns, perpetuando a exclusão histórica.


Em mais da metade das empresas analisados, nem três mulheres ocupam cargos de gerência ou direção, tornando impossível até mesmo calcular as disparidades nos cargos de liderança. A ascensão profissional, que deveria ser um direito de todas, é limitada pelas barreiras impostas pelo racismo e pelo machismo estrutural.


É vital que empresas e o governo atuem de forma incisiva para combater estas desigualdades. A legislação, apesar de existente, precisa sair do papel e ser efetivamente aplicada para garantir justiça salarial. O avanço em inclusão e diversidade não pode mais ser uma promessa distante, é uma exigência imediata para uma sociedade mais democrática e igualitária.