Bolsonaro premiou escravidão

Pelo menos 18 empresas autuadas em 2021 por submeterem os trabalhadores as condições degradantes receberam R$ 1,1 bilhão em isenções fiscais do governo Bolsonaro, conforme dados do Ministério da Fazenda.

Por Camilly Oliveira

A persistência dos casos de trabalho análogo a escravidão expõe não apenas a falência ética e moral das empresas envolvidas, mas também a conivência do Estado, que as recompensou com generosas isenções fiscais. 


Pelo menos 18 empresas autuadas em 2021 por submeterem os trabalhadores as condições degradantes receberam R$ 1,1 bilhão em isenções fiscais do governo Bolsonaro, conforme dados do Ministério da Fazenda.


Na lista, Ambev e Heineken que tiveram 23 motoristas terceirizados resgatados em situação degradante. As multinacionais receberam R$ 62,5 milhões em renúncias fiscais - R$ 45,6 milhões e R$ 16,9 milhões, respectivamente.


As isenções, inicialmente destinadas a impulsionar a economia nacional, têm se tornado um fardo para os cofres públicos, sem exigir das empresas qualquer responsabilidade social. O governo, ao conceder, falha em verificar se as beneficiárias têm histórico de condenações por trabalho análogo à escravidão.


É o caso da Usina São José. Atuante desde o século 18, em Pernambuco, teve 45 cortadores de cana foram resgatados. Trabalhavam sem proteção contra o sol, fumaça, poeira ou fuligem, sem adicional de insalubridade, água adequada ou alimentação. Em 2021, a Usina foi agraciada por Bolsonaro com R$ 3,7 milhões em isenções fiscais.