Renda encolhida com o contrato intermitente

Vendido como uma forma de modernizar as relações de trabalho, o contrato intermitente, aprovado na famigerada reforma trabalhista do governo Temer, na verdade jogou o trabalhador em um mar de incertezas. Sem emprego formal nem renda certa. Ano passado, 76% destes vínculos tiveram remuneração mensal inferior ao salário mínimo ou não tiveram pagamento. 

Por Ana Beatriz Leal

Vendido como uma forma de modernizar as relações de trabalho, o contrato intermitente, aprovado na famigerada reforma trabalhista do governo Temer, na verdade jogou o trabalhador em um mar de incertezas. Sem emprego formal nem renda certa. Ano passado, 76% destes vínculos tiveram remuneração mensal inferior ao salário mínimo ou não tiveram pagamento. 

 


De acordo com o Dieese, a remuneração mensal média dos intermitentes foi de R$ 762,00, ou seja, 58% do salário mínimo, que em 2023 era de R$ 1.320,00. Entre mulheres e jovens, o valor foi ainda mais rebaixado, de R$ 661,00.

 


Somente um quarto (24%) dos vínculos intermitentes ativos em dezembro de 2023 registrou remuneração média de pelo menos um salário mínimo. Apenas 6% receberam dois pisos ou mais.

 


A situação piora se observados os meses em que os contratos intermitentes estavam em vigor, mas não geraram atividade. A média mensal recebida pelos trabalhadores cai para R$ 542,00. Entre as mulheres, somente R$ 483,00. 

 


Do estoque de contratos intermitentes ativos no final do ano passado, ou seja, quando o trabalhador fica à disposição do patrão, aguardando ser chamado, sem salário, 41,5% não tinham registrado nenhum rendimento ao longo do ano.