Matemática da exclusão
Apenas 5% dos alunos do 3º ano do ensino médio conseguem atingir o aprendizado mínimo em matemática no Brasil, segundo estudo do Todos Pela Educação e do Iede (Interdisciplinaridade e evidências no Debate Educacional), com dados do Saeb 2023.
Por Camilly Oliveira
Apenas 5% dos alunos do 3º ano do ensino médio conseguem atingir o aprendizado mínimo em matemática no Brasil, segundo estudo do Todos Pela Educação e do Iede (Interdisciplinaridade e evidências no Debate Educacional), com dados do Saeb 2023.
Não é só um número trágico, é o espelho de um país que falha em ensinar porque falha em garantir direitos. A escola pública, ao invés de romper com a desigualdade, muitas vezes a carimba no boletim de milhões de jovens.
A brutalidade dos números expõe uma ferida racial aberta, enquanto 8% dos alunos brancos atingem o nível adequado, apenas 3% dos estudantes pretos conseguem o mesmo. O abismo que se forma já nos primeiros anos de vida e se escancara nos corredores das escolas, onde a cor da pele ainda define o futuro muito mais do que o talento ou a dedicação. Aprender matemática, neste contexto, vira quase um ato de resistência.
No 9º ano, 16% atingem desempenho satisfatório em matemática, sem grandes avanços na última década. Em língua portuguesa, a situação também é delicada, 33% dos alunos terminam o ensino médio com o pior nível de proficiência.
Esta realidade não nasce da falta de vontade individual, mas do projeto social que distribui chances como quem distribui migalhas, sempre pesando a mão contra quem já nasce carregando o peso da exclusão.