Papa honrou o Cristianismo

A morte do Papa Francisco (1936-2025), primeiro pontífice latino-americano na História da Igreja Católica, ocorrida na segunda-feira, representa a perda de uma das vozes mais corajosas contra o ultraliberalismo e a barbárie global. 

Por Camilly Oliveira

A morte do Papa Francisco (1936-2025), primeiro pontífice latino-americano na História da Igreja Católica, ocorrida na segunda-feira, representa a perda de uma das vozes mais corajosas contra o ultraliberalismo e a barbárie global. 

 


Líder espiritual e também político, dotado de grande sensibilidade humanística, e solidariedade cristã, o argentino Jorge Mario Bergoglio desafiou o conservadorismo da Cúria Romana, enfrentou a hipocrisia do capital e denunciou a violência que tem sustentado o imperialismo (EUA e UE).  

 


Durante 12 anos, colocou o Vaticano ao lado dos oprimidos e não dos opressores. Ao invés de blindar poderosos, abraçou imigrantes, condenou o racismo estrutural e enfrentou a estupidez da extrema direita. Em um mundo marcado por desigualdades e excessiva concentração da riqueza nas mãos de poucos, optou por caminhar ao lado dos invisíveis. Enfrentou críticas da própria Igreja, mas não recuou.

 


Foi presença incômoda nas guerras esquecidas no Sudão, Congo, Líbano, Iêmen e Síria. Além de fazer repetidos apelos pelo fim da guerra da Ucrânia e ajudar a denunciar o genocídio de Israel contra os palestinos de Gaza. Rejeitou o cinismo das potências que lucram com a morte. Ao acolher a comunidade LGBTQIA+ e os marginalizados, resgatou o sentido mais profundo da fé: amor, compaixão, justiça, afeto, respeito. 

 


Deixou um legado que não cabe em meras homenagens protocolares. Falece um Papa e fica o símbolo de um tempo em que a política se fez altar e a fé se fez trincheira. Até na morte foi diferencial. Esperou a Páscoa, a Ressurreição de Jesus que, em quem sempre se inspirou para enfrentar poderosos, e somente depois do tão esperado discurso de domingo, descansou.