É o Bolsa Família que atrapalha contratações?

Estudos sérios, como o de Gabriel Mariante, da London School of Economics, mostram que mulheres que recebem o Bolsa Família têm 7,4% mais chances de conseguir emprego formal. A constatação vai na contramão da argumentação falaciosa da extrema direita, de que o benefício vicia e afasta as pessoas do trabalho. 

Por Camilly Oliveira

Estudos sérios, como o de Gabriel Mariante, da London School of Economics, mostram que mulheres que recebem o Bolsa Família têm 7,4% mais chances de conseguir emprego formal. A constatação vai na contramão da argumentação falaciosa da extrema direita, de que o benefício vicia e afasta as pessoas do trabalho. 

 


Isto ocorre porque o programa remove barreiras reais, como o cuidado com filhos pequenos, que impediam estas mulheres de trabalhar. Além disto, a regra de proteção, criada no governo Lula, permite que quem melhora de renda continue recebendo parte do benefício, incentivando a formalização. 
Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que a ocupação entre beneficiários subiu de 46,3% para 46,8%, entre 2019 e 2023. O número de formais também cresceu: de 12,6% para 14,8%.

 


O que caiu, na verdade, foi a disposição para aceitar miséria como salário. O nome real disto é consciência de valor e não vagabundagem, como chama a extrema direita. O Bolsa Família não acomoda, pelo contrário, cria horizontes. Tampouco rompe com o trabalho, mas sim com a lógica de trabalho precário como única opção. O que incomoda não é a ausência de trabalhadores, mas o despertar de cidadãos com direito à escolha. É democracia social em ação.