Barreiras invisíveis. Perdas reais

Os números escancaram um desafio estrutural que vai além da remuneração. Refletem o machismo presente na cultura organizacional das empresas, que ainda hesitam em promover mulheres a cargos de poder e, quando o fazem, não garantem igualdade de tratamento e reconhecimento. 

Por Rose Lima

Mesmo em espaços estratégicos no mercado de trabalho, as mulheres enfrentam desigualdade salarial e barreiras estruturais para alcançar reconhecimento e valorização. Um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), revela diferença de R$ 3.328,00 mensais na remuneração entre homens e mulheres em cargos de gerência e diretoria.


Enquanto diretores e gerentes do sexo masculino recebem, em média, R$ 10.126,00 mensais, elas têm salário médio de apenas R$ 6.798,00. No acumulado do ano, a perda chega a, aproximadamente, R$ 40 mil para as profissionais em posições de liderança — um valor que evidencia o quanto a desigualdade de gênero ainda é enraizada no mercado corporativo brasileiro.


O cenário, no entanto, não se limita aos cargos de alto escalão. A desigualdade salarial afeta as mulheres em todas as esferas profissionais. Segundo o levantamento, 37% das trabalhadoras recebem até um salário mínimo, percentual superior ao registrado entre os homens (27%). O rendimento médio mensal delas é de R$ 2.697,00, enquanto o dos homens chega a R$ 3.459,00.


A disparidade também persiste entre profissionais com diploma. Mulheres com ensino superior completo ganham, em média, R$ 4.885,00, enquanto os homens com o mesmo nível de escolaridade recebem R$ 7.784,00 - diferença de R$ 2.899,00 mensais.


Os números escancaram um desafio estrutural que vai além da remuneração. Refletem o machismo presente na cultura organizacional das empresas, que ainda hesitam em promover mulheres a cargos de poder e, quando o fazem, não garantem igualdade de tratamento e reconhecimento.