Dívida pública corrói os países

A dívida pública do Brasil alcançou 84,7% do PIB em 2023, que somou R$ 10,9 trilhões. Já o custo com os juros foi de R$ 649 bilhões. Mesmo assim, os banqueiros exigem que o governo federal faça corte de gastos, retirando dinheiro da aposentadoria, do BPC (Benefício de Prestação Continuada), do seguro-desemprego e do Bolsa Família para encher ainda mais os cofres dos bancos.  

Por Ana Beatriz Leal

A dívida pública do Brasil alcançou 84,7% do PIB em 2023, que somou R$ 10,9 trilhões. Já o custo com os juros foi de R$ 649 bilhões. Mesmo assim, os banqueiros exigem que o governo federal faça corte de gastos, retirando dinheiro da aposentadoria, do BPC (Benefício de Prestação Continuada), do seguro-desemprego e do Bolsa Família para encher ainda mais os cofres dos bancos.  


Engana-se quem pensa que o fenômeno só acontece no Brasil, onde a Selic está em absurdos 11,25%, por conta da política monetária sabotadora do Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto. Os países em desenvolvimento pagaram o valor recorde de US$ 1,4 trilhão (R$ 8,5 trilhões) pela dívida externa em 2023, por conta das taxas de juros altas, de acordo com o Banco Mundial. 


As nações mais pobres e vulneráveis pagaram US$ 96,2 bilhões (aproximadamente R$ 465,6 bilhões em valores da época) para honrar as dívidas. Do total, quase US$ 35 bilhões (R$ 169 bilhões) corresponderam unicamente aos custos dos juros.


O Banco Central pontua que as taxas elevadas fizeram subir os custos dos juros ao nível mais alto dos últimos 20 anos. A taxa paga pelos empréstimos dos credores oficiais dobrou até passar de 4%. No caso dos privados, chegou a 6%, a maior dos últimos 15 anos.