Mais enrolação da Fenaban. Só avança com pressão

Segunda rodada de negociações terminou sem avanços, de novo. A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apenas disse que vai levar as demandas para os bancos analisarem. Nada garantido. Próximo encontro está marcado para o dia 11. Em debate, igualdade de oportunidades.

Por Rose Lima

Uma semana formada por quatro dias de trabalho e três de folgas tem impactos positivos para trabalhadores e empresas, ao contrário das previsões pessimistas de muitos executivos. Estudos comprovam melhorias significativas na qualidade de vida e também na receita das organizações que adotam o modelo. Mas, os bancos, que têm lucros bilionários todos os anos, parecem não se importar com o bem-estar dos profissionais.


Pelo menos é o que faz parecer a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) ao, mais uma vez, não dar resposta ao Comando Nacional dos Bancários sobre a adoção de quatro dias de trabalho sem corte na remuneração. O assunto foi tratado nesta terça-feira (02/07), durante a segunda rodada de negociações da campanha salarial.


Além dos benefícios à saúde física e mental dos bancários, o modelo tem capacidade para alavancar o crescimento nacional com a geração de empregos. A implementação da jornada de quatro dias entre trabalhadores com carga de 37 horas semanais tem potencial de criar 108 mil vagas no setor. Se aplicada entre aqueles com jornada de 30 horas, pode gerar 240 mil postos, aponta levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). 


Outros dados apresentados, com base em projetos pilotos, mostram a eficácia do modelo para bem-estar dos profissionais. No Brasil, de acordo com a 4 Day Week Global, os resultados parciais de 21 empresas mostram que 61,5% tiveram melhoria na execução de projetos, 58,5% na criatividade e inovação; 44,4% no cumprimento de prazos e 33,3% na obtenção de clientes. 


A pesquisa revela ainda que 64,5% dos trabalhadores se sentem menos exaustos por causa do trabalho, 50% têm menos insônia, 46,3% praticaram exercício mais de 3 vezes na semana e 27,1% passaram a dormir mais de 8 horas por noite. Mesmo com todos os números positivos, os bancos ainda vão analisar.


O teletrabalho também esteve em pauta. Cobrada, a Fenaban informou 33% dos bancários (1743 mil) no país estão em trabalho remoto. Desse total, 91% integram o modelo híbrido e os demais 9% estão totalmente à distância. Sobre a ampliação, disse que não há garantia de que o percentual continue, portanto, pode ser reduzido. A notícia preocupa. O teletrabalho é uma importante conquista. Não dá para acabar.


Ainda no tema, o Comando Nacional solicitou a ampliação da ajuda de custo. Pelo atual acordo, o valor anual é de R$ 1.084,29/ano ou R$ 90,36/mês. Vale lembrar que alguns itens que impactam no teletrabalho estão com inflação mais elevada que a média geral, por isso é preciso haver aumento do auxílio.


A título de comparação, categorias de outros setores pagam valores superiores de auxílio home office. De 13 acordos analisados, a média é de R$ 141. Há também alguns bancos que pagam auxílios maiores, a partir de R$ 100 ao mês, chegando a R$ 210, no caso do JP Morgan e R$ 364,40 por mês, no caso do Banco Paulista.


A próxima rodada de negociação acontece no dia 11 de julho. Em debate, igualdade de oportunidades.