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O partido da guerra

No artigo, o cineasta, diretor teatral, poeta e escritor Carlos Pronzato fala sobre a aproximação das eleições nos Estados Unidos.

Se aproximam as eleições nos Estados Unidos. Sabemos pelo que a História nos ensina, que o Tio Sam não vai mudar a sua política externa, que é o que deve interessar ao nosso mundo, ao mundo do lado de cá, submetido desde o fim da Segunda Guerra Mundial aos desígnios unilaterais econômicos, políticos, culturais e bélicos (inúmeras contribuições para golpes de Estado) do Império do Norte, hoje em franca decadência em um mundo que já espreitamos como multipolar.

 


A guerra que a OTAN livra na Ucrânia contra a Federação Russa desde fevereiro de 2022, com o irrestrito apoio e planificação dos EUA, é a cabal demonstração do fim da bipolaridade. Por isto, nunca nutri grande interesse por uma eleição doméstica entre as duas bilionárias e portentosas franquias da política norte-americana, democratas e republicanos, ambas a mesma cara da moeda.

 


A recente desistência de Joe Biden da corrida da Casa Branca e o apoio à sua vice-presidenta, Kamala Harris, para ocupar o seu posto, nos coloca diante de um falso dilema: a mudança de rumo da política externa. Do concorrente republicano aos cofres, Donald Trump, nem precisamos nos estender aqui, fartamente conhecido pelas suas posições humanitárias totalmente retrógradas. Posições no que respeita à política externa, praticamente iguais às daquele que foi vice presidente do Barack Obama (2009 - 2017), o Prêmio Nobel da Paz, cujo governo de oito anos não viu um dia de paz: Guerra no Iraque, Afeganistão, campanha alvejando “terroristas” e derrubada sangrenta de Khadafi na Líbia.

 


Mais de três décadas no Congresso fazem de Joe Biden um político profissional que pode ser até um pragmático centrista no seu país, mas que na hora da infindável agressão ao mundo, não duvida um instante em atacar as “ameaças globais” que possuem projetos autônomos de desenvolvimento (China, Rússia, Cuba, Venezuela, Síria, Irã, etc.).

 


O apoio do governo Joe Biden ao genocídio na Palestina perpetrado pelo exército israelita, a histórica ponta de lança norte-americana no Médio Oriente, é uma refutação contundente àqueles que alimentam temor pelo retorno a Casa Branca do belicoso Trump, apesar da suposta amizade deste com Putin e que isto significaria a retirada do apoio de Washington a Zelensky. Como já disse Eduardo Galeano: “As armas exigem guerras e as guerras exigem armas, e os cinco países que dominam as Nações Unidas, que têm poder de veto nas Nações Unidas, acabam por ser também os cinco principais produtores de armas”.

 


Portanto, as divergências na política interna entre republicanos e democratas não têm espaço na política externa. Na pauta imperialista, no saqueio dos recursos naturais ao redor do mundo, formam um partido único, o partido da guerra.

 


*  Carlos Pronzato é cineasta, diretor teatral, poeta e escritor