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O “cidadão do bem” quer legalizar as milícias

No artigo, diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ Álvaro Gomes faz análise sobre o Projeto de Lei Nº 2736/2023, que prevê a legalização das milícias no Rio de Janeiro.

O deputado Anderson Moraes (PL-RJ), protocolou na Assembleia Legislativa do Estado, o Projeto de Lei Nº 2736/2023, que prevê a legalização das milícias no estado. Ainda estabelece que o Rio de Janeiro patrocine “serviços advocatícios aos Guardiões”. A legalização de justiceiros é vedado pela Constituição federal, mas a ofensiva da extrema direita é preocupante. 


O mesmo deputado estava construindo um muro no mar, na Ilha do Jorge, em Angra, na Costa Verde do Rio de Janeiro, numa área verde permanente, destruindo de forma irregular o meio ambiente (O Dia, 25/07/23). Assim são os “cidadãos de bem”. Cometem crimes, são milicianos, querem legalizar milicias, mas levantam a voz para dizer que “bandido bom, é bandido morto”. 


São verdadeiros criminosos, mas o bandido é o outro. Assim as milicias se proliferaram no Rio de Janeiro, se autodenominando “cidadão de bem” e cometendo os mais diversos crimes. As milicias já controlam 58,6% do território da cidade do Rio, abrangendo uma população de 2.178.620 e o Comando Vermelho, 11,6%, abrangendo 1.198.691 pessoas. O interessante é que as operações militares são direcionadas para os bairros em disputa, 45,5% e para o Comando Vermelho, 40,9 %, para as milicias apenas 6,5% das operações em 2019 (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos - GENI/UFF-2021)


As milicias são formados por policiais, ex-policiais e outros grupos e atuam tanto no narcotráfico, como extorquindo a população nas mais diversas atividades. “Pelo menos 43 atividades econômicas diferentes fazem parte do portfólio de extorsão das milícias do Rio: do monopólio da venda de kit churrasco à exploração de estacionamentos; da extração de saibro à construção de prédios”. (O Globo, 27/10/2023, 07h16)


“O cidadão de bem” é uma categoria incorporada no bolsonarismo, onde se encontra os mais diversos tipos de crimes, são milicianos, estelionatários, assassinos, estupradores, racistas, misóginos, fascistas, golpistas, negacionistas, traidores da pátria, capacitistas, falsos religiosos, corruptos e até necrófilos. Mesmo para estes criminosos, não deve ser aplicada a pena de morte, como eles defendem, mas, sim, a punição prevista em lei e o respeito aos direitos humanos.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ