Dia da Consciência Negra - No Brasil, a resistência tem cor

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, não se pode perder de vista que, para muitos negros, as ruas tornaram-se campo de batalha onde a cor da pele é sentença. Relatos angustiantes emergem das sombras da brutalidade policial, onde vidas negras são ceifadas em confrontos marcados pela desproporcionalidade e impunidade.

No raiar do século XXI, a escravidão ainda paira sobre a vida da população negra, apesar das correntes terem cedido lugar a grilhões sociais. Em meio a uma suposta liberdade, as feridas da injustiça ancestral continuam a sangrar, manchando os pilares da sociedade com a tinta da desigualdade.


Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, não se pode perder de vista que, para muitos negros, as ruas tornaram-se campo de batalha onde a cor da pele é sentença. Relatos angustiantes emergem das sombras da brutalidade policial, onde vidas negras são ceifadas em confrontos marcados pela desproporcionalidade e impunidade.


Os dados reforçam. Em 2022, mais de 87% dos mortos pela polícia eram negros, aponta a Rede de Observatórios da Segurança. O fato não é isolado. Acontece ano após ano. Em 2021, cerca de 65% das vítimas eram negras.  


Nos corredores das instituições de ensino, a igualdade de oportunidades permanece como miragem. Apesar de representarem 56,1% da população, os negros ocupam apenas 48,3% das vagas na faculdade. No ensino médio, seis em cada 10 conseguem concluir. 


Não para por aí. O acesso à saúde é marcado por obstáculos que refletem séculos de negligência. O risco de uma criança negra morrer antes dos 5 anos por causas infecciosas é 60% maior do que o de uma branca, por exemplo. 


O mundo profissional, longe de ser terra de oportunidades igualitárias, reflete paisagem árida para muitos negros. Discriminação na contratação e falta de mobilidade social pintam um quadro sombrio. A ascensão é muitas vezes bloqueada por barreiras, perpetuando o ciclo de pobreza que assola comunidades inteiras.


No entanto, em meio às cinzas da adversidade, a resistência floresce. As vozes que vêm dos guetos contam histórias de resiliência. Movimentos sociais erguem-se em busca de justiça, exigindo mudanças para construir um futuro em que a igualdade não seja um sonho distante.