Fenaban nega tudo sobre saúde

A saúde dos profissionais, pressionados por metas abusivas, e as condições de trabalho foram o foco das discussões, nesta quinta-feira. Mas, a resposta da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) foi, mais uma vez, decepcionante, apesar dos dados. 

Por William Oliveira

Na quinta rodada de negociações da campanha salarial 2024, o Comando Nacional dos Bancários trouxe à tona uma questão crítica ignorada pelos bancos há alguns anos: o crescente número de trabalhadores do setor adoecidos. 


A saúde dos profissionais, pressionados por metas abusivas, e as condições de trabalho foram o foco das discussões, nesta quinta-feira (25/07). Mas, a resposta da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) foi, mais uma vez, decepcionante, apesar dos dados. 


Levantamento feito pelo movimento sindical, em parceria com a UnB (Universidade de Brasília), revelou que 76,5% dos bancários tiveram problema de saúde relacionado ao trabalho em 2023. Deste grupo, 40,2% fazem acompanhamento com psiquiatra e 91,5% tomam medicação controlada. Outros 59,7% são acompanhados por médicos de outras especialidades, a exemplo de psicólogos.  


“Os bancos fecharam os olhos pra essa realidade, pra uma realidade inclusive numérica, inclusive estatística, como, por exemplo, o fato de nós bancários e bancárias sermos 1% da população com trabalho formal e, no entanto, representamos junto ao INSS 25% dos adoecidos”, esclareceu o presidente em exercício do Sindicato dos Bancários, Elder Perez. 


Outra pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul mostra que 20.192 bancários foram afastados do trabalho entre 2013 e 2020. Até 2012, as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo que eram as principais causas de afastamento. Mas, a partir de 2013, o cenário mudou e em 2022, os transtornos mentais e comportamentais representaram 40% dos benefícios por incapacidade temporária previdenciários e 57% dos benefícios por incapacidade temporária acidentários.


O cenário é assustador, mas a Fenaban negou qualquer ligação entre o adoecimento dos trabalhadores e as metas abusivas. “O argumento é de que o adoecimento mental é um fenômeno global”, destacou o presidente em exercício do Sindicato, Elder Perez.