Competitividade cruel nos bancos tira saúde dos bancários

Segundo ele, os bancos usam o sistema de avaliação como uma estratégia de injetar nos próprios avaliandos uma forma de se comportar. Injetam nos trabalhadores uma forma de vigiar os colegas, de se relacionar de uma forma competitiva, hostil e até mesmo antiética. Uma maneira de reforçar um ambiente adoecedor para a categoria.

Por Renata Andrade

O individualismo e a crueldade impostos em decorrência da competitividade imposta pelo sistema capitalista acentuado no setor financeiro brasileiro afetam diretamente a saúde da categoria, especialmente com doenças o psicológicas. A necessidade de maior humanização no ambiente de trabalho bancário foi foco da abertura dos debates de domingo (19/05) da 26ª Conferência da Bahia e Sergipe, com a exposição do psicólogo André Guerra. 


“Uma pessoa que está vivendo só para sobreviver não consegue ter sentido para viver. Nosso desafio é humanizar a classe trabalhadora para dar sentido, dar um horizonte, para a sobrevivência dessas pessoas, dessa categoria”, alertou o profissional. Os bancários vivenciam uma triste realidade de assédio moral e sofrimento por pressão para cumprimento de metas absurdas, que resultam em maior adoecimento e aumento no uso de remédios tarja preta.


Diante da triste realidade da categoria, para ele, os sindicatos podem desenvolver algumas etapas para reverter o quadro de adoecimento generalizado da categoria. A principal é ressignificar o papel da saúde dentro do movimento sindical. “A saúde, do meu ponto de vista, tem que ser uma pauta central na organização sindical, inclusive envolvendo outros setores do sindicato, como o setor da comunicação, jurídico, formação, e o próprio setor da saúde”, apontou André Guerra. 


Parte da apresentação do Doutor em Psicologia Social e Institucional foi baseada na análise do extinto programa Trilhas do Itaú. “Os mecanismos de avaliação de desempenho usados pelos bancos são uma falácia, porque eles não estão lá para avaliar o desempenho. O objetivo final não é saber quanto que uma pessoa produziu. É instigar que as pessoas produzam de acordo com os interesses dos acionistas do banco”.


Segundo ele, os bancos usam o sistema de avaliação como uma estratégia de convencer os próprios avaliandos uma forma de se comportar, a exemplo de vigiar os colegas, assim como se relacionar de forma competitiva, hostil e até mesmo antiética. Uma maneira de reforçar um ambiente adoecedor para a categoria.