O magistério no ranking da vergonha
Ser professor no Brasil é escolher resistir em meio a um sistema que impõe humilhação como rotina. No ranking mundial de salários docentes, o país ocupa posições vexatórias, escancarando o projeto político de desvalorização da educação. O Brasil se destaca na arte de tratar educadores como descartáveis, enquanto celebra ignorância e desigualdade como se fossem troféus de soberania.
Por Camilly Oliveira
Ser professor no Brasil é escolher resistir em meio a um sistema que impõe humilhação como rotina. No ranking mundial de salários docentes, o país ocupa posições vexatórias, escancarando o projeto político de desvalorização da educação. O Brasil se destaca na arte de tratar educadores como descartáveis, enquanto celebra ignorância e desigualdade como se fossem troféus de soberania.
Relatórios da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) expõem a brutalidade dos números: um professor brasileiro ganha 40% menos do que outros profissionais com o mesmo nível de formação.
Enquanto um docente na Suíça ultrapassa os US$ 92 mil anuais, no Brasil mal alcançam US$ 23 mil, cerca de R$ 126 mil no câmbio atual. A desigualdade não nasce da pobreza nacional, mas da opção por um modelo que precisa da exclusão para sobreviver.
A desvalorização do magistério cumpre o papel político de impedir a formação de sujeitos críticos e barrar qualquer transformação real. O abandono institucional, a violência crescente nas escolas e o adoecimento mental dos docentes compõem a engrenagem de um sistema que criminaliza o saber e premia a submissão.
Países que desprezam professores não conseguem construir futuro, apenas repete ciclos de fracasso. A humilhação salarial, a sobrecarga e a violência escolar mostram que não há neutralidade nesta história. A luta dos professores é a última trincheira contra o apagamento do pensamento livre, e, mesmo esmagados, eles ainda teimam em ensinar a resistência.