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Pressão por metas, descaso dos banqueiros e desafios da luta sindical

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e do Dieese, Amarildo Menezes, explora a crescente preocupação com a saúde mental e física dos funcionários do setor bancário, em meio à intensificação das pressões por metas.

O setor bancário, conhecido por seu dinamismo e forte competição, tem sido palco de uma crescente preocupação com a saúde mental e física de seus funcionários. A pressão incessante por metas, frequentemente imposta pelos bancos está contribuindo para o aumento de doenças e distúrbios entre os bancários. 


Nos últimos anos, a pressão por metas tem se intensificado nos bancos, com a introdução de indicadores de desempenho agressivos e metas cada vez mais exigentes. Essa pressão se reflete na forma como os bancários são avaliados e recompensados, muitas vezes resultando em um ambiente de trabalho altamente estressante.


A busca por metas agressivas pode levar ao estresse crônico e à ansiedade. Os funcionários se veem constantemente sob a ameaça de não atingir os objetivos, o que pode resultar em problemas de saúde mental significativos. A pressão constante para alcançar resultados pode levar à exaustão física e mental, conhecida como Síndrome de Burnout. Os sintomas incluem fadiga extrema, insônia e uma sensação de ineficácia, afetando a qualidade de vida dos trabalhadores.


Além dos problemas mentais, a pressão intensa pode causar problemas físicos, como dores nas costas, dores de cabeça e problemas cardiovasculares, resultantes de longas horas de trabalho e postura inadequada. O descaso dos banqueiros e da alta gestão em relação ao bem-estar dos funcionários é um fator agravante. A administração prioriza o lucro e a performance em detrimento da saúde dos trabalhadores.


A alta gestão frequentemente ignora os sinais de alerta sobre o aumento de doenças entre os funcionários, muitas vezes minimizando a importância dessas questões e recentemente negando haver qualquer estudo que comprove a correlação entre o adoecimento psíquico com a cobrança de metas abusivas, ignorando os vários afastamentos previdenciários que atribuem o nexo de causalidade. Em muitos casos, as políticas de saúde e segurança no trabalho são inadequadas ou inexistem, e não há medidas suficientes para mitigar o impacto da pressão por metas.


A cultura de "pressão constante" e a falta de empatia por parte da liderança contribuem para um ambiente de trabalho onde o bem-estar dos funcionários é secundário aos resultados financeiros. A luta dos sindicatos para melhorar as condições de trabalho e abordar os problemas de saúde dos bancários enfrenta diversos desafios.


A principal dificuldade é o reconhecimento da gravidade da situação e a valorização das reivindicações sindicais. Os sindicatos frequentemente enfrentam resistência dos empregadores que minimizam os impactos da pressão por metas. As negociações para melhorar as condições de trabalho podem ser complexas e prolongadas. As mudanças exigidas pelos sindicatos muitas vezes esbarram na resistência dos gestores e na dificuldade de se chegar a acordos que beneficiem todos os trabalhadores.


A mobilização dos trabalhadores e a construção de solidariedade são essenciais, mas também desafiadoras. A divisão entre funcionários e a falta de consciência sobre os riscos podem enfraquecer a luta. Os sindicatos também enfrentam o desafio de pressionar por regulamentações e políticas públicas que protejam a saúde mental e física dos trabalhadores bancários, o que requer a colaboração de órgãos governamentais e legisladores, o que nos leva a ficar atentos a quem a categoria elegendo, pois, mais de 2/3 do Congresso Nacional não representam os trabalhadores.


A luta sindical é crucial para enfrentar esses desafios, exigindo uma abordagem mais humanitária e regulamentações mais rígidas. É fundamental que a gestão dos bancos reconheça a importância de um ambiente de trabalho saudável e colabore com os sindicatos para criar condições que garantam o equilíbrio entre o desempenho profissional e a saúde dos funcionários. A mudança cultural e a implementação de políticas adequadas são passos essenciais para mitigar os impactos negativos e promover um ambiente de trabalho mais sustentável e saudável. Diante da intransigência dos banqueiros em não reconhecer que as metas abusivas adoecem seus funcionários nos faz despertar para que todos os funcionários se envolvam nessa luta, pois juntos somos mais fortes.


*  Amarildo Menezes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e do Dieese