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Desafios do socialismo de Cuba

No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ ,Álvaro Gomes, fala sobre os desafios do socialismo de Cuba.

A penúltima vez que viajei para Cuba, em 2013, numa delegação de deputados, a qual tive a responsabilidade de coordenar, com parlamentares de diversos partidos políticos, com uma visão diversificada de mundo, cumprimos uma agenda organizada pela embaixada cubana, que constava diversas atividades em diversas áreas. Entre os eventos e nos horários vagos, os parlamentares faziam comentários favoráveis, outros faziam questionamentos desfavoráveis.


Um deles falava que não havia dinheiro no mundo que pagasse a tranquilidade de Cuba, a sensação de segurança experimentada em Havana e que isso era maravilhoso. Outro sempre questionava o salário, fazia os cálculos e dizia “um médico ganha 570 pesos por mês, equivalentes a mais ou menos R$ 72,00. Um professor ganha em torno de R$ 25,00 e um motorista, R$ 35,00. Argumentava que o cubano vive para trabalhar, que não tinha condições de fazer turismo, comprar carro, almoçar num restaurante.


O colega ainda argumentava que nós, brasileiros, podíamos sonhar e os cubanos, não. Nas discussões ele ficava impressionado como é que a população de Cuba vive nestas condições e é feliz, apoia o sistema. Eu ressaltava que não podíamos transportar de forma mecânica as experiências de um país para outro. A cultura de um povo carrega toda uma história e características próprias. A subjetividade de uma sociedade não pode ser julgada e de forma superficial, de acordo com o que pensamos. 


Em Cuba, a população tem acesso a saúde, educação e vive a tranquilidade de um país cujo índice de violência é baixíssimo. As condições econômicas são difíceis em função do bloqueio econômico norte americano e outros fatores que precisam ser melhor estudado, mas a população recebe subsídios na cesta básica e as crianças têm direito a quantidade de leite necessária para a alimentação.  


A consciência da população é muito forte, mas não está imune as ofensivas neoliberais, desde a revolução em 1959 até hoje resiste heroicamente. A partir do chamado fim do socialismo real, havia uma opinião mundial de que Cuba não resistiria. Resistiu, mas no momento enfrenta desafios potencializados pela campanha mundial anticomunista, pela ofensiva da extrema direita e a proliferação das redes sociais.


*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ