Ultraliberalismo minou sindicalização 

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil fechou 2022 com menos de 10 milhões de filiados a sindicatos - 9,1 milhões - e também com menos de 10% de empregados associados a uma entidade de classe (9,2%). É a primeira vez que o fato acontece. Em 2012, ou seja, 10 anos antes, eram 14,4 milhões de trabalhadores sindicalizados, os quais representavam 16,1% dos ocupados.

Por Ana Beatriz Leal

Instrumentos de luta e proteção aos trabalhadores, os sindicatos sofreram os impactos da reforma trabalhista de Temer, aprovada em 2017, e os quatro anos do governo ultraliberal de Bolsonaro. A quantidade de sindicalizados chegou ao menor patamar da história. 


De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil fechou 2022 com menos de 10 milhões de filiados a sindicatos - 9,1 milhões - e também com menos de 10% de empregados associados a uma entidade de classe (9,2%). É a primeira vez que o fato acontece. Em 2012, ou seja, 10 anos antes, eram 14,4 milhões de trabalhadores sindicalizados, os quais representavam 16,1% dos ocupados.


A reforma trabalhista, que extinguiu direitos dos empregados, alterou bruscamente a arrecadação dos sindicatos, uma forma de enfraquecer a atuação das entidades. A lei exigiu que apenas trabalhadores que expressassem formalmente o interesse em contribuir com as entidades tivessem o valor correspondente a um dia de trabalho por ano descontado. 


Para piorar, logo em seguida o país mergulhou em uma crise profunda. Em 2020, por exemplo, o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 3,3%, atrelado ao aumento do desemprego. Nesse contexto, os sindicatos não podiam fazer muita coisa para pressionar as empresas por aumentos reais de salários. 


Aliado à elevação do desemprego, houve crescimento na terceirização e a informalidade disparou. No último ano do governo Bolsonaro, eram 38,8 milhões de informais. 


Agora, com a volta da democracia social, a situação tem melhorado. Acompanhamento mensal feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) revelou que o reajuste médio de salários ficou acima da inflação pelo 15º mês seguido em fevereiro. Prova da importância de fortalecer os sindicatos, verdadeiros escudos dos trabalhadores, que lutam incansavelmente pela conquista e manutenção dos direitos