Encontro das Bancárias transcende a categoria

O atual cenário do Brasil, de desmonte do Estado e avanço do neoliberalismo e do fundamentalismo, com perseguições políticas e jurídicas, estiveram no centro dos debates do 3º Encontro das Bancárias, realizado sábado, no Sindicato dos Bancários da Bahia. Discussões que transcendem a categoria.  


Uma das palestrantes, a ex-senadora Vanessa Grazziotin lembrou que o golpe jurídico-midiático-parlamentar, na verdade, começou a ser construído em 2013, com as manifestações de junho, e não terminou com o impeachment sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff.  


A eleição de Jair Bolsonaro, como tem revelado o site The Intercept, faz parte do jogo da extrema direita de tomar o poder para colocar em prática uma agenda de total submissão aos Estados Unidos e que agrava as desigualdades sociais. Destacou ainda ter "clareza que a opressão da mulher é parte da opressão do capitalismo. É necessário nos incorporarmos à luta em resistência a estes governos".


Posicionamento compartilhado pela deputada federal Alice Portugal que ressaltou ainda as ameaças de as mulheres perderem os poucos direitos conquistados. A diretora de Gênero da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Grassa Felizola, responsável pelo Encontro, reafirmou a importância das discussões para aglutinar forças na luta por uma sociedade igualitária.


Sem dúvidas, um evento "emocionante, vibrante, e com muito conteúdo", como destacou o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia. Augusto Vasconcelos lembrou ainda que "os ataques do governo aos direitos atingem mais as mulheres". Mesma opinião do presidente da Feeb, Hermelino Neto que reforçou a relevância do encontro, mesmo diante das dificuldades impostas às entidades sindicais pela reforma trabalhista. 


Após a discussão, palestrantes e as 93 participantes aproveitaram um Happy Hour, com a cantora Carla Liz e Banda Didá. 

Trabalho e combate a violência
Os debates do 3º Encontro das Bancárias, sábado, no Sindicato dos Bancários da Bahia, realmente foram riquíssimos. Além da atual conjuntura nacional, o preconceito que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho e o combate à violência também estiveram em pauta.


Segundo a ex-deputada federal Ângela Albino (PCdoB/SC), as mulheres vivem em condições de trabalho mais precárias e são maioria entre os informais. Mesmo com todas as dificuldades, "foram as locomotivas do mercado de trabalho brasileiro e têm importância fundamental para o desenvolvimento".


Sobre o combate à violência, a secretária de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia, Julieta Palmeira, apresentou as ações da campanha "Respeite as Mina", que tem alcance nacional e combate às diversas formas de violência contra a mulher, mesmo aquelas que muitas vezes passam despercebidas pela sociedade.