Reforma ignora as desigualdades sociais

A população carente é a que mais vai sentir com a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro. Pelo texto, para ter direito a 100% da aposentadoria, o trabalhador terá de contribuir por 40 anos e ter 62 anos de idade, se for mulher, e 65 anos, homens. Mas, para o pobre a conta será bem maior. 

A proposta desconsidera as condições do cidadão, ao acabar condicionar o tempo de contribuição à idade. Uma mulher carente que começa a trabalhar aos 14 anos, por exemplo, terá de contribuir por 48 anos para conseguir se aposentar. Já a mulher classe média que começa a trabalhar aos 25 anos vai contribuir 37 anos para ter direito ao benefício. 

A regra atual, que prevê aposentadoria por tempo de contribuição, contempla justamente as camadas mais baixas da sociedade. Normalmente os que se aposentam por idade são de classe média. Caso a reforma seja aprovada, o Brasil enfrentará uma dura realidade trabalhista, com brasileiros começando a trabalhar com 14 anos e se aposentando apenas com 65 anos. Uma proposta que não leva em conta as desigualdades sociais.