Após o Carnaval, neoliberalismo sem máscara

Acabou o Carnaval, fim da ilusão. Agora é a vida nua e crua, sem fantasia. Sai o Rei Momo e reassume o monarca capitão. Da alegria à dor. Apesar da completa desarticulação política e dos escândalos que o cerca, o governo Bolsonaro parte firme para tentar a aprovação de dois projetos bem antipopulares e, acima de tudo, anti-pobre. Afinal, foi eleito para isso.

Um é a reforma da Previdência, que na prática acaba com o direito de o trabalhador se aposentar. Põe fim à aposentadoria por tempo de contribuição, impõe pelo menos 40 anos de recolhimento para receber o benefício integralmente, estabelece idade mínima de 62 anos para a mulher e 65 anos para os homens, além de inventar a tal da capitalização, que transfere todo o dinheiro do sistema previdenciário para os bancos. 

A reforma da Previdência inclui ainda outros danos às camadas mais carentes da população, que tanto precisam do apoio do Estado. Desvincula do salário mínimo o reajuste dos benefícios, propõe o fim das férias, do 13º salário e do FGTS. Um desastre para o trabalhador.

O outro projeto é o famigerado pacote anticrime, idealizado pela mente maligna do ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sérgio Moro. Sob o argumento de combate à criminalidade, ele quer conceder à polícia licença oficial, legal, para sair matando os classificados como “indesejáveis”.

Um projeto inconstitucional, estúpido, genocida, que põe a população negra, pobre, moradora da periferia e das favelas na mira do aparato bélico dos órgãos de repressão do Estado. Uma insanidade sem precedente.

Isso sem falar em outros absurdos como licença de mineração em terras indígenas e quilombolas, escola sem partido, desmonte da educação e da saúde públicas, achatamento do salário mínimo e por aí vai. Como em Salvador, dizem, “o ano só termina quando é Carnaval”, então está na hora de encarar a realidade e assumir a resistência.