Governo corre atrás dos médicos cubanos

Milhares de brasileiros ainda estão sem assistência à saúde, depois que os cerca de 8 mil médicos cubanos deixaram o país. A saída dos profissionais se deu após declarações ofensivas do presidente Jair Bolsonaro, no ano passado. Agora, ainda sem preencher todas as vagas disponíveis, o governo pede socorro justamente a quem ofendeu.

Em uma ironia do destino, a pediatra Mayra Pinheiro - que teve foto vazada nas redes sociais hostilizando os médicos de Cuba e agora vai atuar na pasta de Saúde do governo - enviou mensagem pedindo que os profissionais que ficaram no Brasil participem de cursos preparatórios para fazer o Revalida. No comunicado, chama os médicos da ilha caribenha de "colegas" e "irmãos".

A verdade é que o fim da parceria com Cuba só prejudica os brasileiros que dependem do SUS. Os que vivem na periferia das grandes cidades e em áreas de difícil acesso. Embora, logo depois das declarações de Bolsonaro, o governo Temer tenha aberto edital para preencher as mais de 8 mil vagas abertas, o fato é que até hoje não foram preenchidas. 

No primeiro chamado, 2.448 postos ficaram vagos. Sem ter muito o que fazer, o governo abriu um novo edital com 2.549 vagas em 1.197 municípios, mas o número de inscritos, que têm até quinta-feira (10/01) para se apresentarem, é menor do que a oferta, 1.707. Portanto, ainda vão ficar cidades sem assistência.